sábado, 17 de janeiro de 2009

KARL BARTH, O TEÓLOGO DA PALAVRA


Karl Barth nasceu em 1886 em Basiléia, era o filho mais velho de um pastor reformado. Estudou teologia nas universidades mais famosas da Alemanha e foi ministro reformado na Suiça. Em 1919 publicou uma de suas mais famosas obras, o comentário sobre a Epistola aos Romanos, que teve grande repercursão entre os teólogos da época. Barth foi o líder da reação neo-ortodoxa ao liberalismo do século XIX. Com a ascensão de Adolf hitler, passou a ser uma personalidade dominante na igreja da Confissão e o principal autor da "Declaraão de Barmen de 1934. No ano seguinte foi demitido por Hitler e voltou para a Suiça, onde se tornou professor de teologia em Basiléia. Morreu em 1968.

A Teologia de Barth é a teologia da palavra. É a palavra de Deus, a revelação de Deus, que é o assunto da teologia. Barth colocou uma forte ênfase sobre a revelação de Deus. Para ele, a palavra de Deus é vista em termos dinâmicos em vez de estáticos. Deve se pensar nela não como doutrina ou palavras ou declarações, mas como evento, alguma coisa que acontece. A palavra de Deus é o evento de Deus falando ao homem através de Jesus Cristo; é a revelação pessoal de Deus, dEle mesmo para nós.

textos do livro " introdução à teologia" de Karl Barth:

....O vacábulo "teologia" contém o termo logos. Teologia é logia, lógica, logística fundamentalmente possibilitada e definida pelo theos. E não há como negar que o significado de logos é "palavra" - apesar de Fausto (de Goethe) de que era lhe impossível "ter a palavra em tão alta estima".

A palavra de Deus é a palavra que Deus falou, falou, fala e falará aos seres humanos- a todos os seres humanos- quer seja ouvido ou não. É a palavra de seu agir nos seres humanos, a favor dos seres humanos, como seres humanos. Deus age e, agindo, fala. Sua palavra acontece. Falamos do Deus do Evangelho, de seu atuar e seu agir; falamos de seu evangelho, no qual seu agir e atuar como tal é sua mensagem, sua palavra: o logos no qual a logia, lógica, logística teológicas têm sua fonte criativa e sua vida.

A palavra de Deus, portanto, é Evangelho, mensagem boa, porque é a açao benigna de Deus que nela se expressa e por ela se transforma em apelo pessoal. Em sua palavra Deus revela o seu agir no horizonte de sua aliança com o ser humano; e na história da constituição, manutenção, realização e conclusão desta aliança ele se revela a si mesmo. Revela sua santidade, mas também sua misericórdia - misericórdia de Pai, de irmão, de amigo. Revela também seu poder e sua majestade como senhor e juiz do ser humano; revela, portanto, a si mesmo como o primeiro parceiro dessa aliança, a si mesmo como o Deus do ser humano. Mas em sua palavra revela também o ser humano como criatura, como seu devedor insolvente, como ser perdido sob o seu juízo. Mas também revela-o como criatura mantida e salva por sua graça como ser humano libertado para Deus, posto a seu serviço. Revela o ser humano como filho e servo, como amado por ele e, portanto, como segundo parceiro da aliança; em síntese: revela o ser humano como ser humano de Deus.

Essa dupla revelação é o conteúdo da palavra de Deus. A aliança - e portanto: Deus como Deus do ser humano e o ser humano como ser humano de Deus - essa história, essa obra como tal é o enunciado da palavra de Deus, que a distingue de qualquer outra palavra. Este logos é o criador da teologia. Ele indica seu lugar e lhe atribui sua tarefa. A teologia evangélica existe a serviço da palavra acerca da aliança de Deus, aliança de graça e de paz. Assim, a teologia evangélica terá por tarefa ouvir essa palavra em sua plenitude, tanto intensiva quanto extensiva, como palavra da aliança da graça e da paz, e de assim entendê-la e tematizá-la: como palavra de Deus tornada carne no Cristo de Israel de modo particular - e justamente nele, enquanto Salvador do mundo dirigida a todas as pessoas de modo universal.....

Barth trouxe um grande problema conceitual para a ortodoxia, apesar de fazer um protesto valioso contra o conceito excessivamente estático da palavra de Deus, que simplesmente a equipara a um livro, ele terminou se inclinando para um outro extremo. Nessa perspectiva surgiu a conjectura de que a revelação de Deus não se resume tão somente a bíblia, e por isso Barth tem sido acusado de ensinar que a bíblia não é a palavra de Deus, mas, contém a palavra de Deus.

Para Barth, a Palavra de Deus é todo o conjunto de automanifestação divina. Contrariamente à teologia católica, que, quando trata da Palavra de Deus, tende a ficar no plano semântico da Revelação (no plano da Escritura de da pregação), Barth dá à expressão "Palavra de Deus" Uma tal densidade a ponto de fazê-la abarcar também toda a dimensão ontológica da Revelação. Segundo ele, a automanifestação divina assume três aspectos ou formas: a Revelação, a bíblia e a pregação. Sendo assim, Barth entende como "A Palavra de Deus" como um evento "tridimensional", algo que opera em três dimensões inseparáveis, uma certa analogia a trindade. E é por isso, que Barth se nega em chamar simplesmente a Bíblia de Palavra de Deus. Segundo Barth, a bíblia é a palavra de Deus apenas no sentido que ela testemunha o evento do passado de Deus falando e que Deus fala novamente através dela hoje.

Um comentário:

  1. Graça e Paz! Muito obrigada pelo comentário!Fiquei e ficarei sempre muito feliz com a tua visita. No amor de Cristo,

    http://tempo-kairos.blogspot.com

    ResponderExcluir