sexta-feira, 11 de setembro de 2009

AS BASES DA TEOLOGIA CONTEMPORÃNEA


AS ORIGENS DA TEOLOGIA CONTEMPORÃNEA

As profundas transformações científicas e culturais ocorridas no século XVIII, transformaram completamente as condições, sob as quais, se pensava e se fazia teologia. As raízes do Iluminismo se encontram no humanismo, no socialismo e no deismo. Tudo isso com base na filosofia de descartes, Leibnitz e Loocke. As mudanças sociais, políticas, filosóficas e científicas, aconteceram de modo tão rápido que as velhas estruturas, perderam o controle, até mesmo a igreja. A visão metafísica da realidade, foi substituída por uma visão empírica e atomística. Com isso, o mundo espiritual, centrado em Deus, cede lugar a um mundo material, centrado, centrado nas leis da natureza. A filosofia deixa de ser serva da teologia, para assumir uma postura analítica e crítica da sociedade. A educação é liberada da influência da teologia escolástica, passando a basear-se em princípios racionais. A influência do Iluminismo sobre a teologia produz o conceito de religião natural, que considera Cristo um mestre, sábio entre os homens, no lugar de considera-lo a encarnação a encarnação de Deus, conforme a teologia dogmática. Em oposição ao Iluminismo, a igreja, tanto na confissão católica, quanto na confissão protestante, desenvolveu a cultura das confissões de fé. Com isso, a secularização desenvolveu uma cultura das confissões à parte e fora do controle da igreja. A teologia tornou-se dependente da filosofia e do pensamento racionalista. Paralela à racionalização da teologia, surge uma tendência de moralização do cristianismo fora dos cânones da religião organizada. Desse modo, a principal característica da teologia iluminista foi a tendência de humanizar o cristianismo, acomodando-o numa estrutura antropocêntrica.

O ILUMINISMO

foi um movimento filosófico racionalista , científico e político iniciado na segunda metadE do século XVII e que dominou a Europa durante todo o século XVIII. Fundamentava-se em bases racionais e otimistas assentadas pelos pensadores da revolução intelectual do século XVII. A filosofia do Iluminismo, tal como expressa nas obras e popularizadores, incluía entre seus princípios basilares as seguintes idéias e assertivas:

O lugar dos homens e mulheres no universo. Os homens e mulheres não eram mais tidos como a explicação para a existência do universo, tal como no ideário teológico do período medieval. Ao invés disso, eram considerados apenas como um dos elos numa cadeia de seres, ordenada racionalmente, que abrangia todos os seres vivos. Contudo, o fato de estarem submetidos a um ordenamento universal de modo algum os tornava impotentes ou destituídos de objetivo.

Atitudes com relação a Deus e à religião organizada. Um universo racionalmente ordenado, sujeito a leis invariáveis, excluía a existência de um Deus pessoal, que pudesse intervir, através de milagres, para contradizer essas leis. Se Deus realmente existia, como acreditava à maioria dos filósofos do Iluminismo, era simplesmente como uma causa primeira, a forma que criado as leis, que as pusera me movimento e que garantia se contínuo funcionamento. Os que se atinham a essa concepção chamavam a si próprios deístas. Atacavam os fundamentos bíblicos do cristianismo, submetendo a Bíblia a uma crítica erudita e depois sustentando que o relato bíblico não passava de mitologia. Aliaram-se a um grupo maior de críticos, denunciando as religiões institucionalizadas como instrumentos de exploração, imaginados por patifes e tratantes, a fim de poderem tirar proveito das massas ignorantes. Rejeitavam como inúteis as orações e sacramentos do cristianismo organizado; Deus, argumentavam, não pode ser persuadido a desprezar a lei natural em benefício desta ou daquela pessoa. Condenavam como perniciosa a doutrina do pecado original. Homens e mulheres dispõem de liberdade e de aptidão racional para escolher entre o bem e o mal; a idéia de que alguns estão predestinados à salvação e outros para a condenação nega à humanidade a dignidade com que sua razão a dotou.

Ênfase nos assuntos e preocupações deste mundo. A substituição de modelos divinos de comportamento por modelos terrenos era parte de um movimento mais amplo, característico do Iluminismo, que acentuava a importância de se compreender rigorosamente o mecanismo deste mundo, ao mesmo tempo em que se descartava, por incognoscível ou inconcebível, a existência de algum mundo celestial vindouro.

O RACIONALISMO

Durante o Iluminismo, acentua-se o impulso racionalista que assaltava a teologia protestante no período escolástico: agora não se contenta mais em provar a racionalidade da fé demonstrando que as verdades reveladas se harmonizam com os cânones da razão, mas também submete a Revelação ao tribunal da razão,dando a esta o dever de purifica-la de todos os elementos sobrenaturais.

A passagem do racionalismo escolástico ao racionalismo iluminista foi gradual. O primeiro momento da Revelação bíblica, valendo-se dos mesmos argumentos que a Ortodoxia invocava anteriormente. Esta afirmara que nenhum homem intelectualmente honesto poderia rejeitar a autoridade da Bíblia. Nenhum filósofo, fiel à filosofia e ao sadio exercício da razão, poderia colocar seriamente em dúvida as doutrinas fundamentais da fé cristã. Muitos expoentes do pensamento religioso protestante do século XVIII fazem suas essas teses da Ortodoxia e procuram novos argumentos para provar a veracidade do cristianismo. Para tanto, alguns recorrem à filosofia, outros a filologia e outros ainda à história.

Os maiores efeitos do emprego da filosofia no campo teológico manifestam-se bem claramente em Emmanuel Kant (1724-1804). Mostra que a filosofia especulativa não pode prestar qualquer auxílio à religião porque não pode demonstrar nem mesmo a existência de Deus. Esta só pode ser alcançada seguindo as exigências práticas da moral. Na obra A Religião dentro dos limites da Razão, elabora uma interpretação racionalista da Revelação cristã, na qual todos os elementos dogmáticos são reduzidos a simples símbolos. Assim, por exemplo, Jesus é o símbolo da luta da humanidade contra o mal e de sua vitória sobre este.

Contra Kant elevou-se o protesto solitário de Johann G. Hamann (1730-1788). Este contestou a utilização que o filósofo fizera da razão: não se pode presumir que ela se erija em juiz da Revelação. Deus não fala ao homem somente através da razão, mas também de uma totalidade de manifestações. Toda a realidade é revelação de Deus e a Escritura ocupa posição privilegiada em relação à natureza e à história, que são como seus comentários, já que constituem antecipações suas e não o oposto. Mas a Escritura só tem um caráter revelador para quem tem fé.


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