quarta-feira, 7 de julho de 2010

A NATUREZA DA ATIVIDADE PROFÉTICA-lição2

A Bíblia reconhece a profecia como um meio de comunicação divina. Deus falou aos homens, muitas vezes e de muitas maneiras, através da instrumentalidade profética (Hb 1.1). Em Jeremias 18.18: "...porquanto não há de faltar a lei ao sacerdote, nem o conselho ao sábio, nem a palavra ao profeta..." , fica evidente que era o profeta, no Antigo Testamento, que ocupava a posição central de revelar a verdade de Deus aos homens, pela palavra.

A função fundamental do profeta era era falar em nome de Deus. A palavra "PROFETA" vem do grego "prophetes", de "pro" (antes ou por) e "phemi" (falar). O profeta, portanto, é aquele que fala antes no sentido de proclamar, ou aquele que fala por, isto é, em nome de (Deus). O profeta é um porta-voz da revelação de Deus e a profecia é o conteúdo da revelação "...porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens(santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.21).

No antigo Testamento três palavras são usadas para definir o profeta: VIDENTE = pessoa com capacidade de perceber as coisas do ponto de vista de Deus (I Sm 9.9), HOMEM DE DEUS = homem que pertencia primeiramente a Deus e totalmente dedicado à causa, portanto apto para transmitir a palavra de Deus, PROFETA ("nibba") = uma pessoa chamada ou nomeada para proclamar a palavra de Deus (Dt 18.18).

O termo profeta aparece pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 20.7, referindo-se a Abraão, homem que conhecia a Deus: "Agora, pois, restitui a mulher a seu marido, pois ele é profeta e intercederá por ti, e viverás...". oficialmente a profecia surgiu com Moisés (Dt 18.18; Os 12.13; Nm 11.25 e 12.2) e se estabeleceu com Samuel (I Sm 9.9; 10.5 e 19.20). Nos tempos da Davi, o grupo dos cantores do santuário" ...profetizava com harpas, em ações de graças e louvores ao Senhor" (I Cr 25.3). Entretanto, é com Elias e Eliseu e os profetas escritores do século do século VIII a. C., que o sentido de profeta como aquele que ministrava a palavra de Deus aos seus contemporâneos ganhou preeminência histórica.

O fenômeno da inspiração dá originalidade à profecia bíblica. Pela inspiração, Deus fala ao profeta, que precisa transmitir fielmente a mensagem que recebe. A forma da inspiração é verbal, isto é, Deus colocando na boca do profeta a sua palavra. "Depois, estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na boca e o Senhor me disse: Eis que ponho na tua boca as minhas palavras" (Jr 1.9). "Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordnar" (Dt 18.18).

OS PROFETAS DA ANTIGA E DA NOVA ALIANÇA

Para compreendermos o ministério profético na Bíblia é necessário olharmos para a doutrina da Aliança. Está denota um compromisso gracioso da parte de Deus no sentido de abençoar o homem, principalmente, aqueles que, pela fé, recebem as promessas e cumprem os deveres envolvidos nesta aliança. Jesus Cristo é o ponto central da Aliança. Nele se cumpre e se divide o exercício profético em profetas da antiga Aliança e profetas da Nova Aliança (Hb 8.1-13; Jr 31.31-34). Os profetas da antiga aliança que escreveram suas profecias (Profetas Escritores), geralmente são classificados em quatro profetas maiores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel) e em doze profetas menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias), segundo o tamanho de seus escritos. As profecias dos escritores podem ser classificadas em três grupos principais: profecias a respeito de Israel e o seu relacionamento com Deus da Aliança; profecias messiânicas ou acerca de Jesus Cristo, o Redentor Prometido; e as profecias escatológicas, isto é, acerca dos últimos dias quando o reino de Deus será estabelecido visivelmente na terra. O principal objetivo das profecias na antiga aliança era exortar o povo de Israel para o seu compromisso com Deus assumido na aliança (Is 1; Jr 11.1-17; Ez 16; Dn 9; Os 1-2). Fidelidade a Deus! Por isso o monoteísmo, a santificação e o messianismo são os temas centrais da pregação profética.

O ÚLTIMO PROFETA

Após quatro séculos de silêncio profético, João Batista é o último profeta da Antiga Aliança e o precursor de Jesus, "Os profetas vigoraram até João" (Lc 16.16), ou seja, após João Batista não existe mais o profeta nos moldes da antiga aliança. Jesus Cristo é o profeta da Nova Aliança. Ele exerce o seu ofício revelando-nos Deus pela sua Palavra e pelo seu Espírito, assim como a vontade de Deus para nossa salvação (Jo 1.1-14; 15.15; 20.31; 14.26). Todo Cristão passa a ser, a partir da Nova Aliança, uma testemunha do Senhor Jesus Cristo com a responsabilidade de proclamar as virtudes de Deus (I Pe 2.9). O ministério profético constitui-se agora, na pregação da Palavra de Deus com a tríplice finalidade de edificar, exortar e consolar (I Co 14.3; 2 Tm 4.2; I Pe 4.11).

ELEMENTOS DO PROFESTISMO BÍBLICO

Havia três elementos essenciais no profetismo bíblico: a vocação profética; a mensagem que o profeta recebia de Deus e que deveria transmitir aos outros e o cumprimento cabal daquilo que foi profetizado. VOCAÇÃO era o chamamento de Deus para o ofício profético. A resposta ao chamado não era facultativa ao vocacionado e implicava na dedicação total de sua vida (Jr 1.1-19). Não adiantava fugir de Deus e do cumprimento da responsabilidade de pregar a mensagem divina (Jn 1). Portanto, não existia verdadeiro profeta sem vocação divina (Jr 23.21). MENSAGEM, O outro elemento era a comunicação divina da mensagem ao profeta. O verdadeiro profeta tinha mensagem de Deus para comunicar ao povo. Mediante a palavra, Deus exprimia o seu pensamento e a sua vontade ao profeta; este a recebia e, por sua vez, a transmitia (Jr 1.2; EZ 1.3; Os 1.1). Deus também comunicava a sua mensagem através visões (Is 2.1; 6.1; Am 7.1-9). Visão sensitiva (Ex 3), visão imaginativa (Ez 37) e visão intelectual (Is 8.1,5 e Jr 5.1). Portanto, não existia profeta verdadeiro sem a mensagem de Deus. CUMPRIMENTO, o último elemento essencial ao profetismo era o cumprimento da profecia proferida. Foi o próprio Deus quem estabeleceu o critério de avaliação: se a palavra profética não se cumprir "...esta é a palavra que o Senhor nõ dissse..." (Dt 18.20-22). O profeta deveria ser morto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário