sábado, 18 de setembro de 2010

O DOM DA PROFECIA


Entre os dons citados por Paulo em Corintios, a profecia é o dom mais desejável (14:1,5,24,25,39). Sua importãncia é indicada pelo fato de que alguma forma da palavra é encontrada vinte vezes em 1 Corintios 12..14. O dom da profecia é definido como: "Mas o que profetiza, fala aos homens, edificando exortando e consolando" (I Co 14.3). A versão ampliada interpreta o v.3: "o que profetiza...fala aos homens para edificar, para o seu progresso espiritual construtivo, encorajamento e consolo." A previsão de eventos futuros não é associado ao dom da profecia; esta é uma função do cargo profético. O dom opera para edificar (espiritualmente) o corpo da igreja local. Quando a igreja enfrenta um problema de omissão de fatos, ou a necessidade de sabedoria para um curso prático de ação, a palavra de conhecimento ou de sabedoria pode operar em conjunto dom o dom de profecia. Uma palavra de sabedoria pode ter dado segurança aos apóstolos em sua difícil decisão registrada em Atos 15 (veja 15:27,28). Quando a conclusão do conselho foi entregue à igreja dos gentios em Antioquia por Judas e Silas, que eram também profetas, consolaram os irmãos com muitos conselhos e os fortaleceram" (At 15.32). Em geral, na operação do dom da profecia, o Espírito unge o crente para falar ao corpo de Cristo não palavras premeditadas, mas supridas espontaneamente pelo Espírito: Para animar encorajar, instigar à obediência e serviço fiéis, e transmitir conforto e consolo. As palavras não precisam ser em língua arcaica, nem em voz alta e alterada, nem entrar na primeira pessoa.

Muitos perguntam se os pronunciamentos proféticos devem ser feitos na primeira pessoa ("Eu, o Senhor"), ou na terceira ("Assim diz o Senhor" ou O Senhor quer"). Quando alguém exerce um dom vocal, ele fala à medida que o Espírito supre pensamentos; o Espírito revela, o profeta fala. Deus não fala, mas revela ao profeta o que ele quer que seja dito. Paulo declarou: "Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem" (I Co 14.29). Desde que as mensagens dos profetas estão sujeitas a serem julgadas (discernidas), parece mais compatível com a humildade que o profeta fale na terceira pessoa, como fez Ágabo em Atos 21.11. Paulo declarou que as coisas que escreveu em I Corintios 14 eram mandamentos do Senhor (I Co 14.37); ele, no entanto, expressou seus preceitos na terceira pessoa. Myer Pearlman escreve sobre este ponto: "Muitos obreiros experimentados acreditam que as interpretações e mensagens proféticas devem ser dadas na terceira pessoa." Lucas declara, com relação aos que ficaram cheios do Espírito no dia de Pentecostes: "...e (eles) passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem" (At 2.4). Deus não falou em línguas, os crentes falaram à medida que foram capacitados pelo Espírito. Deus não fala normalmente através dos homens como se fossem megafones passivos. Ele revela aos profetas a sua vontade, capacitando-os a falar aquilo que lhes transmite. Deus falou com frequência diretamente ao profeta, mas quando este transmitia a mensagem ao povo, ele dizia: "Assim diz o Senhor" ou outra frase semelhante. Hoje em dia, muitos são de opinião que o pronunciamento profético fica melhor em linguagem contemporânea do que em palavras arcaicas, exceto onde passagens bíblicas sejam incorporadas.

Embora profecia esteja mais relacionada a "falar" do que a "prever", ela pode algumas vezes envolver a predição do futuro. O livro de Atos registra duas profecias preditivas de Ágabo (At 11.27,28; 21.10-14), a primeira relativa à fome iminente na Judéia; a segunda, a próxima prisão de Paulo em Jerusalém. Ambas as profecias foram cumpridas. Deve ser anotado, com relação à segunda previsão de Ágabo em Atos 21.11, que Paulo não mudou seus planos como resultado da profecia, nem a pedido dos amigos. Isto ensina que profecia pode ser feita para revelar ou confirmar um evento vindouro, mas não para suprir orientação pessoal. Paulo respeitou a profecia de Ágabo que revelou apenas o que ele já sabia (At 20.22,23), mas seguiu seu próprio entendimento da vontade de Deus para o futuro. Deus pode revelar o futuro, mas não devemos "inquirir os profetas" a respeito dele. Os que andam pela fé vivem um dia de cada vez, deixando o futuro desconhecido para Deus.

FONTE: DUFFIELD, Guy P. / CLEAVE, Nathaniel M. Van. FUNDAMENTOS DA TEOLOGIA PENTESCOSTAL. Vol. 2

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