sexta-feira, 11 de março de 2011

O PRIMEIRO CONCÍLIO DA IGREJA DE CRISTO – Lição 11

Os chamados Judaizantes, um grupo de cristãos que defendiam a prática dos rituais da religião judaica, incluindo a circuncisão, foram os principais motivadores para a realização do primeiro concílio da igreja em Jerusalém. Estas pessoas mesmo aceitando que o poder de Deus havia caído sobre os gentios, insistiam que estes deveriam ser circuncidados e submetidos sob o Antigo Pacto da Lei de Moisés; de outra forma não poderiam ser herdeiros das promessas futuras. Com isso também insinuavam que os gentios poderiam perder o que já haviam recebido, caso não aceitassem a circuncisão e não seguissem os regulamentos dos judaísmo. Este posicionamento dos judaizantes provocou severas e insolúveis contendas entre os irmãos, ao ponto de escolherem a Paulo e Barnabé juntamente com um grupo de irmãos a fim de irem a Jerusalém para se reunirem com os apóstolos, com o propósito de dirimir aquela polêmica que estava causando um grande desconforto na vida igreja. É provável que os mestres judaizantes já tivessem tentado espalhar seu ensino nas outras igrejas que Paulo havia estabelecido no sul da Galácia. Tendo de ir a Jerusalém, Paulo não podia ir a essas igrejas pô-las em ordem. Assim, parece evidente que, por esse tempo (A. D. 48, 49) o Espírito dirigiu e inspirou Paulo a escrever a epístola aos Gálatas.

A CONTROVÉRSIA EM DISCUSSÃO (At 15.6-12)

Congregaram-se pois os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E, havendo grande discussão, levantou-se Pedro e disse-lhes: Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho e cressem. E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, dando-lhes o Espírito Santo, assim como a nós; e não fez distinção alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo que eles também. Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quantos sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios.

Os apóstolos e os anciãos então se reuniram para considerar o assunto. Entretanto não era uma reunião secreta. O versículo 12 indica que uma multidão estava presente. A princípio houve muita discussão, não no sentido de contenda, mas o que havia era uma grande disposição para questionar e discutir com intenção de investigar o problema. Sabiamente, os líderes deixaram que as pessoas apresentassem os vários pontos de vista. Por fim, após um longo período de debate, Pedro levantou-se e lhes lembrou que, por escolha de Deus, ele levara o evangelho aos gentios (em Cesaréia) e eles creram. Então, Deus, que viu a fé em seus corações, testificou o fato de que eram crentes dando-lhes o Espírito Santo, como já fizera com todos os judeus crentes. Na sua prédica Pedro deixa claro que não era a circuncisão, nem a observância da Lei de Moisés, e sim um coração purificado pela fé , isso era tudo que era necessário para obter de Deus testemunho em favor dessa fé pelo derramamento do seu Espírito. As palavras de Pedro acalmaram a multidão a multidão, e ouviram eles em silêncio enquanto Barnabé e Paulo relatavam quantos sinais e maravilhas Deus operara por meio deles entre os gentios. Com isso eles davam a entender que os milagres mostravam o interesse de Deus no sentido de ganhar estes gentios para Cristo e estabelecê-los na fé. Como Paulo depois escreveu aos Coríntios, que pregou em demonstração do Espírito e de poder, poder operador de milagres, de maneira que sua fé não se firmasse na sabedoria de homens, mas no poder de Deus (I Co 2.4,5).

A PALAVRA SÁBIA DO APÓSTOLO TIAGO

Depois que Barnabé e Paulo terminaram, a multidão esperou até que Tiago quebrou o silêncio pedindo-lhes que ouvissem. Mas, neste pedido ele fala como um irmão, não como alguém que tivesse autoridade superior. Primeiro, chamou a atenção para o que Pedro disse, chamando Pedro pelo seu nome hebraico, Simão. Fez um sumário disso, dizendo que Deus, na casa de Cornélio, fez a sua primeira visita aos gentios para, dos gentios tirar um povo para o seu nome, um povo que honrasse o seu nome e fosse seu povo. Tiago, então fundamentou, suas palavras nos profetas, citando Amós 9.11,12, da Versão dos Setenta. Esta difere do hebraico substituindo "homens (humanidade, seres humanos)" por Edom. Na realidade, a palavra, no texto hebraico, podia ser lida "homem" (em hebraico, adam) em vez de Edom. Evidentemente, também, Tiago usou a reedificação do caído tabernáculo de Davi como paralelismo em relação à profecia da raiz de Davi. Embora a glória de Davi se tivesse desvanecido e seu reino caído, Deus levantaria a Messias dentre os descendentes de Davi e restauraria a esperança, não somente de Israel, mas dos gentios que haveriam de aceitar o Messias e tornar-se parte do povo de Deus. Esta era, como disse o profeta, a obra do Senhor que tem conhecido todas estas coisas desde o princípio do mundo, isto é, princípio dos tempos.

AS CONCLUSÕES DO CONCÍLIO

A palavra de sabedoria do Espírito foi que eles não perturbassem os crentes gentios. É melhor escrever uma carta para que eles se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, das carnes de animais sufocados e do sangue. Estas coisas deviam ser solicitadas aos gentios, não para colocá-los debaixo de um fardo ou sob uma lista de regras. Antes, isso estava sendo feito em atenção aos crentes judeus e por causa do testemunho nas sinagogas em toda cidade onde eles tinham por gerações, remontando aos tempos antigos. Os dois primeiros pedidos – que se afastassem da contaminação, ou das coisas poluídas da idolatria, e de todas as formas de imoralidade sexual – eram por causa do testemunho judaico ao verdadeiro Deus bem como aos altos padrões morais que um Deus santo exige. Os gentios não deviam aproximar-se de coisa alguma relacionada com o culto aos ídolos que antes praticavam, nem que se tratasse de herança de família, e ainda que soubessem, como agora acontecia com eles, que tais coisas não tinham nenhuma significação e eram inócuas. Seus vizinhos idólatras poderiam interpretar mal e, daí, supor que o culto a Deus podia ser associado ao culto pagão ou às idéias pagãs. Os crentes gentios também precisava ser advertidos quanto aos elevados padrões morais que Deus requer. Eles procediam de uma tradição religiosa onda a imoralidade era aceita e mesmo estimulada em nome da religião. Exigia considerável ensino fazê-los compreender que as coisas que os demais praticavam estavam erradas. Em várias das epístolas de Paulo ele teve de tratar, com bastante severidade, dos problemas da imoralidade. (Rm 6.12,13, 19-23; I Co 5.1, 9-12; 6.13, 15-20; 10.8; Gl 5.19-21; Ef 5.3, 5; Col 3.5,6; ITm 1.9,10).

Os dois pedidos que vinham em segundo lugar visavam a promover a comunhão entre crentes judeus e gentios. Se havia alguma coisa capaz de embrulhar o estômago de um crente judeus, era o comer carne da qual não tivesse sido retirado todo o sangue, ou comer o próprio sangue. Se os crentes judeus iam ceder comendo alimento não permitido pela Lei nas casas dos crentes gentios, então os crentes gentios podiam ceder um pouco e evitar servir e comer as coisas que nenhum judeu, não importa quanto tempo ele já fosse cristão, podia tragar. Havia precedente para estes dois últimos pedidos porque muito antes do tempo de Moisés, bem antes de ser dada a Lei, Deus disse a Nóe que não comesse o sangue pois ele representa a vida. A mesma restrição na lei de Moisés considerava o sangue de Cristo e mostrava sua importância. Tiago, entretanto, não pôs em relevo esta tipologa. Antes de tudo era o interesse pela comunhão entre os judeus e os gentios que estava em jogo. Esta era uma espécie de sabedoria de que Tiago fala em sua epístola (Tg 3.17,18). Era pura, pacífica e moderada. A carta expressava claramente que a igreja de Jerusalém não estava ordenando que os crentes gentios devessem ser circuncidados e guardassem a Lei. Sua decisão de enviar homens escolhidos com seus amados, Barnabé e Paulo, surgiu quando estavam concordemente reunidos. E outras palavras, a decisão foi unânime. Além disso, Barnabé e Paulo eram ambos amados por eles. Assim, eles os recomendavam aos crentes gentios em Antioquia como homens que haviam exposto sua vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Judas e Silas pessoalmente confirmaram isso. Somente as coisas necessárias que pareciam boas ao Espírito e aos crentes de Jerusalém seriam pedidas deles. Se eles se guardassem dessas coisas, fariam bem. "Bem vos vá", literalmente, quer dizer "Fazei-vos fortes", mas se tornara uma frase usado no fecho de uma carta com o sentido de despedida ou adeus.

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